quarta-feira, 15 de abril de 2015

Eu vejo pessoas invisíveis

                         Nas aulas de ciência política, logo no início do curso de Direito discutíamos sobre os problemas sociais, políticos e econômicos de tempos antigos e modernos. Aprendemos sobre a formação dos grupos, das cidades, dos governos. Questionamos o poder.
                      Comecei a observar mais e enxergar melhor ainda o que antes já chamava a minha atenção. Sempre me preocupei com o bem social. Gosto das pessoas, sinto, sou sensível aos problemas dos outros, e quando digo "outros", to dentro. 
                            O trabalho que realizei na Defensoria Pública (estágio) foi muito marcante, sacudiu todos os meus sentidos e me fez perceber mais do que nunca do quanto eu sinto alegria em me sentir útil ajudando os outros na solução de problemas. A coisa mais importante para mim, não era aprender a ficar "craque" em elaborar petições, ou discutir leis, mas em saber ouvir, em saber o que se passa com as pessoas que buscam a justiça, o que está acontecendo na vida das pessoas, o que causa tanto sofrimento, tanta revolta. São tantas pessoas precisando de ajuda, esperando respostas. E esperando tudo de outros tão iguais, com seus problemas também. Porém, não somos todos iguais em formação, em educação, em oportunidades. 
                            O Brasil é um grande País. E isso basta. Mas atualmente os destacadamente visíveis no cenário político-econômico-social estão nos causando muita dor de cabeça.
                            A cada novo governo espera-se um mínimo de preocupação, um "olhar" para os que mais precisam, Mas este olhar percorre sobre a população e não enxerga. Qual foi a primeira coisa que o governador do Rio Grande do Sul fez depois de eleito? Quem foram os que receberam aumento de salário? Os professores? Os brigadianos? Os bancários? Claro que não. 
                      Pessoas invisíveis aos olhos da sociedade são aquelas que não percebemos a existência. Mas de acordo com as aulas de ciência política, eu vejo pessoas invisíveis, percebo a existência delas, Talvez seja por eu estar na "mesma dimensão" que elas. Posso até ser invisível nesta sociedade, mas enxergo e escuto bem, assim como muitos outros que já fizeram tudo que puderam para chamar a atenção, as manifestações de rua são um grande exemplo. Mas tem uma coisa que costumo dizer, por experiência própria: Não enxergamos aquilo que não pensamos. Portanto, se nossos políticos, nossos "representantes" não perceberem a existência do povo, não pensarem no povo, realmente, então seremos um exército invisível pelas ruas...

Um comentário:

  1. Quando falamos ou ouvimos "invisíveis" sempre nos colocamos acima desses e entendemos que eles são os invisíveis, somente eles. Entretanto com clareza mostras que nós também somos os invisíveis e os "visíveis" fazem questão de não nos enxergar, e infelizmente quem não é visto não é lembrado.
    - E o povo?
    - Ora povo, povo é só um detalhe - dirão eles.

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