terça-feira, 4 de outubro de 2016

Um romance sem fim: "É pecado amar"

Na mesa uma pequena máquina de escrever me inspirava vontade de contar estórias inventadas. Uma máquina que comprei, minha primeira compra de "muito valor", 1982, por aí. Então era só sentar e escrever. Começar. Eu queria escrever um romance, uma estória de amor. ainda que fosse só para mim, mas já tinha um romance escrito, em caderno, toda uma estória. Lembro um pouco, devia estar na sexta-série. Mas também tinha um romance inacabado, da mesma época. O acabado tinha titulo de "Frases que ficaram" (com uma personagem que se chamava Carolina) e o inacabado foi assim: Imaginei um convento onde moravam moças que não tinham outro lugar para ficar senão um convento. Então uma delas tinha vontade de fugir do lugar para conhecer o mundo. Comentou com uma amiga sobre este desejo. E as duas combinaram de fugir do convento juntas. Para isso fizeram um plano e fugiram. Mas para onde iriam? Não lembro que nome dei as personagens, mas que seja Gabriela e Marília. Gabriela tinha um segredo. Mas precisava completar 18 anos para poder tomar uma decisão, o momento havia chegado. Foram para uma casa de campo, simplesmente foram, na época era desta forma que eu escrevia, as coisas aconteciam, surgiam. Lá estavam elas. Como entraram? Parte do segredo era a chave que Gabriela guardava sempre com ela. Entraram e foram descansar em seus quartos, Era assim, tudo já estava pronto e limpo, lindamente.
A casa era imensa, de se perder por corredores, entre portas e janelas, com escadas entre andares. No silêncio da noite Gabriela escuta um barulho vindo de alguma parte da casa. - Que será? O barulho era de máquina de escrever. Tinha alguém na casa "batendo máquina". - Quem seria? Pensou Gabi. E olhando para Marília perguntou: - Você escutou isso Marília? - Oh sim, que será? Gabi levantou-se e disse: - Vou caminhar pela casa e descobrir. - Não! Disse Marília. - Fique aqui. - Não! Disse Gabi - fica você e saiu. - Oh! Meu Deus! Suspirava Marília petrificada. Gabi saiu caminhando pé por pé procurando saber de onde vinha aquele barulho de máquina de escrever. De repente o silêncio. Gabi sentindo sede foi até a cozinha para beber água e achou melhor retornar para o quarto, Marília devia estar preocupada, mas quando voltou-se viu alguém. Assustada se escondeu, esperou e saiu caminhando na ponta dos pés para ver quem era aquele moço e o que estava fazendo na casa. Então viu quando ele entrou numa sala onde havia uma pequena máquina de escrever, sentou à mesa e começou a escrever. Gabi então perguntou: - Quem é você? O que faz aqui? De onde você veio? Como entrou?
- Fique calma! Eu já estava esperando por você? - Ãh! O quê? Como assim? Eu nem o conheço? Ela era assim queria fazer todas as perguntas a um só tempo e ter logo todas as respostas. Meu personagem "o jovem" que agora vou chamar de Junior, respondeu:  - Eu era amigo de seu avô, o dono desta casa, então é por isso que estou aqui, tenho a chave, mas vá descansar e amanhã conversaremos. - Meu avô! Você era amigo dele! Ah! Entendo! Amanhã conversaremos então você me explica melhor. - Boa noite! - Boa noite! Era mais ou menos assim o meu jeito de escrever na época. Gabi retornou para o quarto e contou para a amiga tudo, tudo que tinha acontecido. Junior era um famoso escritor que estava na casa de campo para melhor poder escrever. Ele estava escrevendo um romance. No dia seguinte as amigas acordaram e saíram a caminhar pela casa, curiosas em saber onde estava aquele misterioso moço. Derrepente Gabi sentiu uma mão em seu ombro e levou um susto tão grande, mas tão grande que desmaiou. Então Junior segurou-a nos braços enquanto Marília corria para buscar um copo de água. 
Relembrando, mas preciso parar agora. Esta estória ficou engavetada por um tempo. Tentei encontrar um fim, mas não lembro qual foi o fim. Esta estória está sempre comigo. Parei quando Gabi despertou e perguntou: - O que aconteceu comigo? Depois continuei tentando criar um interesse "mais amor" entre Gabriela e Junior. Mas, escrevi alguma coisa e deixei ficar sem fim. Finalizei um capítulo, mas não a estória, ainda não. Passaram-se muito anos. Mas eu ainda tenho as imaginadas cenas em minhas lembranças. Em dias de vento, como estes que tem acontecido agora, como neste dia de hoje, sempre lembro. E penso porque eu não consegui escrever mais. Então ficou um romance sem fim. Acho que eu já tinha falado antes aqui no blog, talvez de outra forma, mas bem isso. Quando escrevemos com idéia de livro, pensamos que tudo será lido, um dia. Hoje o vento me faz pensar trazendo lembranças de um tempo diferente, um tempo que para escrever tinha que ser "a mão" ou datilografar "sem erros" para não ter que começar tudo novamente. Hoje lembro de folhas amareladas, de máquinas pesadas, de lâmpadas fracas, lampiões e velas. E penso na maravilha de escrever para o "espaço" para mundos distantes, sem precisar de uma folha de caderno, basta escrever. Sem precisar de máquina de escrever, papel carbono, corretivos (em tempos mais modernos), mas desse jeito aqui, agora e depois num "publique-se" nunca mais ser uma folha amarelada no tempo, Lembranças nada mais. Lembranças que o vento me traz. E me sentindo livre para escrever, escrevo. Desse jeito, do meu jeito, nem tão certo, nem tão errado, meio sem jeito.

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