domingo, 6 de fevereiro de 2011

Um ninho de rosas

Olhando a linda roseira que minha mãe plantou no pátio de nossa casa, vi o quanto cresceram. As rosas vermelhas alcançaram a janela e balançam ao vento. Na parte mais alta os passarinhos construiram um ninho, naturalmente todo enfeitado, contornado de flores. Parece o cenário de uma peça infantil que trabalhei, onde a natureza, os animais, todos tinham fala e eu era as vozes. A rosa do cenário balançava, mas não era o vento, era eu escondida atrás da cena, fazendo o movimento com as mãos para lá e para cá, dando vida, voz a uma flor artificial. Que voz teria uma flor? No alto, no tronco de uma árvore (na peça), um casal de passarinhos construiu o ninho, tiveram um filhote, e eu era a voz do filhotinho que já nasceu cantando. Imaginem o que é cantar com voz de passarinho? Meus filhos tapavam os ouvidos em casa, quando eu começava a ensaiar procurando um "jeito afinado". Foram seis meses de ensaio para conseguir por a peça em cartaz, "um passarinho quer casar", mais de 10 vozes, eu, um ator e a diretora, senão me engano fazíamos 16 vozes diferentes. Mas o que quero agora é mostrar a realidade, a beleza, as coisas simples. A natureza fala, mostrando a perfeição da obra divina, assim como as catástrofes que destroem as obras dos homens. Somos pequenos  na vastidão deste universo. Assim como os passarinhos, construimos em meio a natureza nossas casas que a própria natureza pode nos tirar, rezamos para que isto não aconteça.
Olhando os galhos da roseira balançando com o forte vento, parecia que o ninho ia cair, se desfazer. Vai acontecer daquele ninho cair, mas eles, os passarinhos, sabem o que fizeram? Nem o ser humano conhece a natureza, as mãos que constroem também destroem. Eu poderia desmanchar o ninho, sou poderosa diante do fato, de curiosa poderia mexer, mas para quê? Como dizia Mário Quintana: "Deixa em paz os pasarinhos". E tem aquele poema dele que eu gosto muito: "Estes que por aí estão atravancando meu caminho, eles passarão, eu, passarinho..."


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