domingo, 14 de novembro de 2010

Faz um ano

Hoje completa um ano. Faz um ano, fico assim pensando, UM ANO. E, quando eu me aproximava para
falar sobre algum problema, ele dizia: - Noemi, eu só quero falar de coisas boas.
Mas como vou dizer que a morte é uma coisa boa? Talvez, quem sabe, não sabemos, porém um dia todos saberemos, bem, eu não tenho pressa nenhuma em saber, e quando penso assim, parece que vejo meu irmão rindo, rindo, se sacudindo de rir, porque ele estava sempre rindo dos nossos assombros. Quem sabe se aqui neste mundo onde estamos é o lado pior, que "o outro lado da vida", eu não sei. Mas só falar de coisas boas e pensar que ele não está mais entre nós, ele que tinha o sonho de ser radialista e estava tão entusiasmado fazendo um curso...e então. Olha, no dia que se comemora os finados, prestei minha homenagem dum jeito que aprendi, mais ou menos, com os jornalistas, como fazem para pessoas famosas. Bom, acho que foi uma coisa boa, quando nada mais pode ser feito. Muitas pessoas dizem que basta apenas rezar, fazer uma oração, mas eu acho que as pessoas de alguma forma continuam existindo, de "alguma forma", ninguém sabe. Uma vez eu acreditava nos livros espíritas, mas atualmente, por não ver transformação nas pessoas, nem sei mais no que pensar. Assistimos palestras maravilhosas sobre amor e caridade, musiquinhas suaves que nos fazem sentir bem, mas são momentos, momentos...depois vem os encontros em familia, com colegas de trabalho, em grupo de amigos e acontecem brigas, desentendimentos, isto é natural? Sim é natural, mas é difícil o conserto
quando nos desentendemos com alguém, até por coisas que nem sabemos direito por quê. As coisas boas da vida vão se perdendo, as coisas boas como honestidade, amizade sincera, amor fiel, lealdade, confiança, bondade, solidariedade, parceria para o bem, sempre para o bem, para o progresso espiritual e também material sendo que neste planeta chamado TERRA precisamos de sobrevivência para cumprir nossas tarefas aqui, pois se estamos neste mundo por alguma razão há de ser.
É tão difícil o entendimento entre irmãos as vezes, e até mesmo para não dizer impossível, quase. Se escrevo nestas páginas é para que o mundo saiba, através deste oceano, deste mar que navego agora chamado internet, que minhas lágrimas se misturam com estas palavras, porque é gritante, gritante o império da ignorância que vem tentando dominar o mundo que vivemos e que talvez contagie o mundo em que morremos. Palavras, como juntá-las, como montá-las de forma que possam expressar LUZ PARA O MUNDO. Hoje faz um ano, contei o tempo dia após dia desde que ele se foi, chamado por DEUS. Contei os dias da minha vida querendo ver o que posso contar de bom que me aconteceu durante este um ano, ou do que aconteceu no mundo.
E só falar de coisas boas. No silêncio ele está agora. A voz no rádio, nem chegou a acontecer, mas eu escutei uma gravação, um ensaio talvez, uma preparação, não sei, e senti "uma ingenuidade", um querer transformar o mundo em tardes de paz e tranquilidade, pois lá em Santana do Livramento, terrinha boa da
qual fiquei tanto tempo sem visitar, as pessoas vivem mais tranquilas, mas falta "algo mais" e eu sei que era este "algo mais" que ele buscava, até mesmo como advogado bom que foi, funcionário público atendendo no
INSS, esclarecendo as dúvidas sobre aposentadoria, sendo muito solicitado por ser bem querido com o povo de lá e com os amigos, "deixou muitos amigos" disse para mim um colega dele. Sempre vinha para Porto Alegre para participar de reuniões relacionadas aos problemas do INSS, salários e tudo mais, representado colegas, não sei se lembrar de salários do INSS é uma coisa boa, acho que não, mas é um fato. Meu irmão também gostava de participar das corridas que acontecem aqui em Porto Alegre, tinha algumas medalhas que guardava com carinho. E ele se foi, assim, correndo, correndo para o céu e lá chegou sorrindo, por certo sorrindo, um sorriso de quem sabe que foi um vitorioso, UM VENCEDOR, um pai que soube dar valor para família, um profissional sério e dedicado, um exemplo de superação.
Hoje eu vou escrever fazendo da escrita a minha oração, não importa o quanto acerto ou erro, eu preciso ser assim agora...

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